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→ A Hipertensão Arterial Sistêmica (pressão alta) e Odontologia

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Dando continuidade ao atendimento de pacientes especiais, vamos abordar o atendimento odontológico a uma doença que apresenta alta prevalência na população brasileira: a hipertensão arterial sistêmica (HAS), a famosa pressão alta.

Assim como a Diabetes Mellitus, que já fui discutida outrora neste blog, a hipertensão arterial merece destaque e atenção no atendimento odontológico em consultório dentário, por se tratar de um fator de risco para o desenvolvimento de inúmeras doenças, principalmente aquelas relacionadas com o sistema cardiovascular.

O que é a pressão alta (Hipertensão arterial sistêmica)?

A hipertensão arterial, conhecida popularmente por pressão alta, é uma doença multifatorial (várias causas) caracterizada pelo aumento da pressão exercida pelo sangue nas paredes dos vasos sanguíneos. Tal situação compromete o fluxo sanguíneo para os tecidos e órgãos irrigados por estes vasos.

A pressão alta é considerada uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo e é o mais comum fator de risco para o aparecimento de doenças cardiovasculares.

Vale salientar que as doenças decorrentes do sistema cardiovascular estão entre as que apresentam maior proporção de óbitos no Brasil. Muitos estudos mostram que vários indivíduos têm pressão alta e não sabem, ou tem a doença e não tratam.

A pressão alta, como o nome já sugere, nesta enfermidade, ocorre o aumento da pressão sanguínea acima dos níveis considerados normais.

O Ministério da Saúde estima que 40% da população acima de 35 anos sofre com algum grau de hipertensão arterial. Sua prevalência cresce com o aumento da idade, mas há casos de pressão em adolescentes e crianças, embora seja incomum.

Veja os valores considerados normais e patológicos pela associação americana da cardiologia:

Normal: Menos de 120/80 mmHg;

Elevado: PA sistólica entre 120-129 e PA diastólica inferior a 80;

Hipertensão Fase 1: Sistólica entre 130-139 ou diastólica entre 80-89;

Hipertensão Fase 2: Sistólica pelo menos 140 ou diastólica pelo menos 90 mm Hg;

Crise hipertensiva: Sistólica superior a 180 mmHg e/ou Diastólica acima de 120 mmHg, com pacientes que necessitam de mudanças imediatas na medicação em pacientes sem sintomas relevantes, ou hospitalização imediata se houver sinais de danos nos órgãos-alvos.

Pressão alta causas

A hipertensão arterial é uma doença multifatorial, ou seja, causada por vários fatores. Deixo claro aqui que não necessariamente um indivíduo que apresenta estas condições terá pressão alta, mas apresentará grandes chances de desenvolvê-la.

Abaixo, as causas e/ou fatores de risco para o aparecimento da hipertensão arterial:

Condições socioeconômicas: Indivíduos situados nos menores patamares, no que diz respeito ao nível sócio-econômico, apresentam maiores probabilidades de ter pressão alta;

Dieta inadequada: determinados alimentos promovem um aumento na retenção dos líquidos, podendo provocar pressão alta. Um exemplo disso é o sal de cozinha. Quanto maior o consumo, maiores as chances de desenvolver a Hipertensão Arterial;

Genética: indivíduos que apresentam no histórico familiar a presença de Hipertensão Arterial têm maior chance de desenvolver a doença;

Idade: Estudos mostram que, com o passar da idade, o risco de desenvolvimento da Hipertensão Arterial aumenta, contudo, há casos de Hipertensão Arterial em adolescentes e crianças;

Obesidade: há vários estudos que mostram relações diretas entre a obesidade e  pressão alta;

Sedentarismo: indivíduos que não realizam atividades físicas com freqüência apresentam maior risco de desenvolver Hipertensão Arterial;

Sexo: de maneira geral, a Hipertensão Arterial acomete mais os homens que as mulheres. Um dos motivos para tal ocorrência seria a maior exposição dos homens aos fatores de risco que as mulheres;

Tabagismo e alcoolismo: há relações diretas entre a pressão alta e o uso abusivo destas substâncias, embora haja estudos identificando que o consumo pequeno de álcool pode ser benéfico à saúde.

Pressão alta sintomas

Infelizmente, a pressão alta não apresenta sintoma na maioria dos casos, sendo somente diagnosticada em exames de rotina. 

Esta situação é bastante preocupante, visto que há a necessidade de consultas médicas periódicas para que se diagnostique a Hipertensão Arterial, o que não ocorre na prática cotidiana. As consequências vêm no decorrer dos anos.

De maneira geral, são comuns estes sintomas da pressão alta:

  • Dores de cabeça:
  • Dores na nuca;
  • Dores no peito;
  • Tonturas;
  • Visão embaçada;
  • Zumbidos no ouvido.

Pressão alta sintomas

Deixo claro aqui que dezenas de doenças podem causar os sintomas acima, associados ou isolados entre si. Uma boa consulta médica se faz de suma importância para o correto diagnóstico de Hipertensão Arterial.

Caso estes sintomas não sejam tratados, a Hipertensão Arterial poderá causar problemas do tipo:

  • Aneurisma (dilatação do vaso sanguíneo):
  • AVC (acidente vascular cerebral ou derrame);
  • Danos cerebrais;
  • Infarto do miocárdio;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Insuficiência renal;
  • Perda da visão.

O esfigmomanômetro (foto abaixo), conhecido erroneamente como tensiômetro, tem como objetivo aferir a pressão arterial do indivíduo, como o resultado sendo obtido de imediato. Abaixo, algumas dicas para aferir corretamente a pressão arterial.

pressão alta sintomas

Deixo claro aqui que somente uma única aferição, com resultado alto, não é suficiente para o diagnóstico de Hipertensão Arterial. Veja abaixo como se fazer: 

  • Utilizar sempre o mesmo aparelho, para evitar diferenças na PA;
  • O paciente deve permanecer em repouso, por um período de 3 a 5 minutos, com o braço apoiado, de maneira confortável, antes de aferir a PA;
  • Sempre registre os valores na ficha de anamnese, para controle interno.

4 – Pressão alta como tratar

Como já foi dito, muitos indivíduos apresentam pressão alta e não tratam a mesma, por diversos motivos (financeiros, culturais, descaso, etc.).

Hábitos saudáveis de vida ajudam bastante na redução e controle da pressão alta. Eliminação dos fatores de risco como o álcool e tabagismo ajuda bastante no combate.

O uso de remédio para pressão alta é também de fundamentam importância. No nosso país, de grandes diversidades culturais, é comum substituir as medicações receitadas pelo médico por tratamentos alternativos, como ervas.

Porém, deve-se tomar cuidado com esta prática, visto que algumas situações a Hipertensão Arterial pode se agravar sem o tratamento adequado.

Abaixo, algumas orientações simples e objetivas para se controlar a Hipertensão Arterial;

  • Realize atividades físicas;
  • Evite fumar e beber (este último em excesso);
  • Evite comidas que possam contribuir para a retenção de líquido, como o sal. Consulte uma nutricionista para este fim;
  • Use as medicações receitadas pelo médico. Caso esteja usando um tratamento alternativo, informe a ele;
  • Diminua o excesso de peso.

5 – O paciente com pressão alta pode ir ao dentista?

Não poderia entrar diretamente no assunto relacionado à Odontologia sem antes falar da Hipertensão arterial, ates mesmo porque nem todos sabem o que é Hipertensão arterial.

Como já vimos, a Hipertensão arterial tem relação direta com o aumento da idade. A população de idoso está cada vez maior no Brasil, o que faz com que haja um aumento no nº de hipertensos, aumentando ainda mais a chance de um desses ser paciente de um determinado profissional odontólogo.

Quem aqui se sente à vontade de ir ao dentista? De cada 10 clientes que atendo, pelo menos 9 tem pavor ao dentista e 7 relatam isto verbalmente.

Nesta situação, o stress, a ansiedade, medo e, por conseguinte, a PA tende a elevar. E se o cliente tiver pressão alta? A conduta odontológica frente a este tipo de cliente é de suma importância, a fim de evitar futuras e até mesmo presentes complicações.

Nem todos os clientes relatam que têm pressão alta, ou até mesmo desconhecem o problema. O dentista deve estar preparado para lidar com esta situação.

Uma anamnese detalhada sobre o assunto ajudará a chegar ao diagnóstico. Aferição da pressão arterial em todas as consultas é de fundamental importância.

O paciente tem pressão alta. Motivos de preocupação? Atender ou não?

Na anamnese, procuro saber se ele está tomando a medicação e se tomou naquele dia. Caso sim, peço para que espere alguns minutos, visto que a pressão alta naquele momento pode ser apenas por ansiedade e/ou medo do momento da consulta.

Caso haja uma nova aferição e a pressão ainda permaneça alta, procuro não atender o cliente e encaminhá-lo ao médico responsável.

Pressão alta significa chances maiores de hemorragia (sangramento), caso haja procedimento cirúrgico. Caso os níveis de pressão estiverem normais, o cliente deve ser tratado normalmente.

Em clientes muito ansiosos, podem ser receitadas medicações ansiolíticas, com o objetivo de minorar o stress e a ansiedade do mesmo, controlando assim sua pressão arterial.

Abaixo, algumas dicas de como deve se proceder à consulta de um paciente com pressão alta:

  • Consultas rápidas, contudo, sem perda da qualidade;
  • Anamnese associada com aferição da pressão arterial para se ter conhecimento do nível da mesma;
  • Usar medicações tranqüilizantes, caso haja necessidade;
  • Interações com o médico responsável pela saúde do cliente;

Pode-se usar anestesia em pacientes com pressão alta?

Muitos clientes em meu consultório apresentam receitas médicas que não recomendam o uso de anestésico com vasoconstrictor.

Este tem como objetivo contrair o vaso no local da infiltração anestésica, permitindo que a absorção do anestésico seja mais lenta, prolongando a duração da anestesia.

O não uso do vasoconstrictor faz justamente o contrário: a absorção do anestésico é bem mais rápida, diminuindo a eficácia da mesma, levando a episódios de dor durante o procedimento.

O que acontece é que os médicos acham que utilizamos grandes quantidades de vasoconstrictor, e que estes aumentaram a pressão arterial em um paciente com pressão alta. Só que ocorrem duas situações:

1 – A quantidade que é utilizada em um tubete anestésico é muito pequena para provocar alterações na pressão arterial em um paciente com pressão alta, só ocorrendo alguma alteração em doses exageradas do mesmo ou em caso de injeção intravascular (dentro do vaso);

2 – Sabe-se que a adrenalina endógena, produzida pelo organismo em momentos de stress, é 200 mil vezes maior que a adrenalina contida em um tubete anestésico. A utilização de anestésico sem vaso pode provocar episódios dolorosos pela absorção mais rápida do anestésico, elevando o nível de stress, logo, elevando a pressão arterial.

Uma simples ligação para o médico do cliente pode resolver o problema. Será explicado o que foi dito acima, isto é, que os benefícios são bem maiores que os riscos.

Remédio para pressão alta x Efeitos na boca

Alguns efeitos colaterais dos remédios para pressão alta podem ter repercussões na cavidade bucal. Um exemplo disso é xerostomia (diminuição do fluxo salivar), que contribui para o desenvolvimento da cárie dentária.


Considerações finais

Como vimos, a pressão alta é uma doença silenciosa e que pode matar. Mudanças no estilo de vida, bem como consultas periódicas ao médico podem fazer a diferença no controle e tratamento.

O dentista tem um papel importantíssimo da detecção da pressão alta, bem como tem que possuir o conhecimento adequado para o tratamento de clientes portadores desta doença.

O conhecimento da doença no cliente fará com que determinadas técnicas cirúrgicas bem como medicamentos que fazem parte do seu arsenal sejam estudados e analisados para ponderar os riscos e benefícios do seu uso.


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Grande abraço!

Wilson Correia Jr.

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